sexta-feira, 3 de outubro de 2025

(r)Existo

E então desapareceu!
Delicadeza,
Sensibilidade,
Melancolia...

Imposição voraz
Da dura realidade
De concretos torpes
E inflados sifrões.

Entre vultos
E viagens,
Vaguei vigilante
Pelo vazio sem fim...

Um seca voraz
Estampava a paisagem
Árida e fugaz
Do profundo interior.

Nem as brisas
Nem as brumas 
Acalentaram os silenciosos 
Gritos de socorro...

No jazigo discreto,
O neon de desespero
Anunciava, temente,
Um inverno prolongado.

E as vísceras, obedientes,
Teciam vagarosamente
Um confortável caixão 
Para as lascividades.

Num banquete farto
De monotonia,
Festividades intermináveis
Fizeram morada.

O suspiro final
Se confundia 
Com os irregulares 
Movimentos de inspiração.

E no soar das trombetas 
Se ouviu ao longe
Uma suave melodia:
Seria a marcha fúnebre?

Entre partilhas,
Lembranças,
Saudades e amores:
Um despertar!

De olhos semicerrados
E ainda zonzo e confuso,
O coma pede renúncia 
Ante o reinado da re(e)sistência.

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