sábado, 10 de maio de 2014

Motherflower

Floresceu!
Dispendioso botão, 
outrora em lúmen vazio,
na harmonia sepulcral do silêncio.

Tímida,
sufocada por majestosas
palmeiras imperiais ostentadas 
por séculos de divina pompa.

Ruídos!
Intensos murmúrios dissonantes,
rosnados entoados a léguas, 
intimidando tão raras pétalas.

Intempéries...
estrondososas tempestades de verão,
rigoroso frio de inverno,
cochonilhas sugando a preciosa seiva. 

Indignação!
Estúpidas raízes em fatigado solo, 
condenando tal raridade
a um lamentável cárcere perpétuo.

Decadência.
Ferrugem, oídio, manchas-pardas...
O brilho reluzente em avaria,
insuperável encanto desperdiçado.

Sopro...
Errante pólen alcançando
derradeiro estigma.
Desesperado resquício vital.

Hibernação.
Esforços inenarráveis de suprir
engatinhante embrião
crescendo em aconchegante útero.

Esperança!
Do ventre prolífero,
o crescente fruto revitaliza
caule, folhas e raízes, então exaustos.

Parto.
Do fruto às sementes,
e delas à discretos e singelos
brotos, sob a tutela daquela que os gerou.

Tempo...
inseparável companheiro, 
misto de alegrias e tristezas,
eternizando um laço de ímpar intimidade.

Enfim!
Progenitora e prole,
em perfeitos e síncronos sentimentos,
embelezando o jardim da vida!