Vento voraz que varre colinas
Vertendo dor em tranquilo vale.
Vós sois o mais cruel sopro
Usurpando a mais nobre das vidas
Vertendo dor em tranquilo vale.
Vós sois o mais cruel sopro
Usurpando a mais nobre das vidas
Que viestes veloz, é o seu direito!
Mas derrubastes a mim, que sou vil...
Cavastes agora profundas valas
Avariando incontáveis corações
Mas derrubastes a mim, que sou vil...
Cavastes agora profundas valas
Avariando incontáveis corações
Não vistes o mal que causastes?
Sabes como reverter tal covardia?
Me convenço que não mais me ouve...
Partistes deixando imenso vazio.
Sabes como reverter tal covardia?
Me convenço que não mais me ouve...
Partistes deixando imenso vazio.
Ah, vento, por que tão vadio?
Uiva sobre meus prantos
E num deboche convida
O pesaroso crocitar dos corvos.
Uiva sobre meus prantos
E num deboche convida
O pesaroso crocitar dos corvos.
Pensas que vou sucumbir? Talvez...
As trevas de um anoitecer sinistro
Traçam planos maquiavélicos
Cavalgando rumo a uma caverna fria
As trevas de um anoitecer sinistro
Traçam planos maquiavélicos
Cavalgando rumo a uma caverna fria
Cantastes vitória, estimado vento!
Zombastes de nossos sentimentos
Cravando uma estaca crua e seca
No peito dos servos da amada rainha
Zombastes de nossos sentimentos
Cravando uma estaca crua e seca
No peito dos servos da amada rainha
Vosso estrago já estás feito
E se quiseres ir agora, vá!
Nem ao menos fostes convidado...
Mas se quiseres ficar, observe.
E se quiseres ir agora, vá!
Nem ao menos fostes convidado...
Mas se quiseres ficar, observe.
Veja que há um mar de lágrimas
Que vazam carreando amor e gratidão.
Veja que há aviltante desespero,
Mas nas veias o fluido vermelho carrega a semente!
Que vazam carreando amor e gratidão.
Veja que há aviltante desespero,
Mas nas veias o fluido vermelho carrega a semente!
Ah, vento, arrancastes a árvore mãe,
Mas teus frutos já floresceram!
Trouxestes o inverno rigoroso,
Mas com o tempo a Primavera virá!
Mas teus frutos já floresceram!
Trouxestes o inverno rigoroso,
Mas com o tempo a Primavera virá!
E mesmo vós, hoje odiado,
Voltarás como brisa,
Trazendo memórias vívidas
A uma floresta verdejante!
Voltarás como brisa,
Trazendo memórias vívidas
A uma floresta verdejante!
Caro vento, assim termino minha carta a vós
A vós
Avós
Avó
Vó.
A vós
Avós
Avó
Vó.