segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Contrato

CONTRATO DE CONCESSÃO DE AMOR PLENO


CONTRATANTE: A pessoa física e sentimental indicada e qualificada na proposta do contrato de concessão de amor pleno, mediante a assinatura do mesmo.


CONTRATADO: Carlito Dirgel S. A., incrito no CNPJ sob o número 22.160.988/2011-52, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais.


CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO


1.1 Constitui objeto do presente termo a concessão de amor pleno em todas suas facetas, como estabelecida na cláusula sétima, para o CONTRATANTE a fim de suprir todas as necessidades sentimentais do mesmo durante todo o período de vigência desse contrato.


CLÁUSULA SEGUNDA - DA DURAÇÃO


2.1 O serviço oferecido terá a duração de 1 (hum) ano, iniciando em 1° de janeiro de 2011 e vencendo em 31 de dezembro de 2011.


2.2 Ao término do período contratual, o CONTRATANTE poderá renová-lo por 1 (hum) ano ou por período a ser combinado com o CONTRATADO.


CLÁUSULA TERCEIRA - DO VALOR


3.1 O sentimento será oferecido com GRATUIDADE, não devendo o CONTRATANTE arcar com nenhuma despesa financeira para adquirir o benefício.

CLÁUSULA QUARTA - DAS OBRIGAÇÕES


4.1 O CONTRATANTE assume a responsabilidade de utilizar o serviço apenas para si próprio, não devendo dividí-lo com terceiros.


4.2 O CONTRATANTE está terminantemente proibido de firmar contrato similar com outras empresas ou obter o serviço oferecido ilegalmente, sob pena de rescisão contratual.


4.3 Para otimização dos serviços prestados, cabe ao CONTRATANTE retribuir o benefício recebido na mesma moeda.


4.4 É obrigação do CONTRATADO prestar os serviços descritos na cláusula primeira única e exclusivamente para 1 (hum) CONTRATANTE.


CLÁUSULA QUINTA - DO RECEBIMENTO


5.1 Assim que firmado o contrato e desde que esteja dentro do prazo de validade do mesmo, o CONTRATANTE receberá imediatamente e de forma integral todo o serviço oferecido.


5.2 Após cerca de 3 (três) meses, os serviços prestados já estarão otimizados desde que o CONTRATANTE cumpra com suas obrigações estabelecidas na cláusula quarta.


CLÁUSULA SEXTA - DO CANCELAMENTO


6.1 O CONTRATANTE poderá requerer o cancelamento do contrato caso:


I. O CONTRATADO não cumpra as obrigações estabelecidas na cláusula quarta.


II. O CONTRATANTE não se sinta satisfeito com os serviços prestados.


III. Haja um incompatibilidade entre CONTRATANTE e CONTRATADO.


6.2 O CONTRATADO poderá requerer o cancelamento do contrato caso:


I. O CONTRATANTE não cumpra as obrigações estabelecidas na cláusula quarta.


II. O CONTRATADO se senta incapaz de prestar os serviços por obstáculos colocados pelo CONTRATANTE.


III. Haja incompatibilidade entre CONTRATANTE e CONTRATADO.


6.3 Caso a situação se enquadre em quaisquer um dos dois itens anteriores CONTRATANTE ou CONTRATADO, respectivamente, poderão requerer recisão contratual, não havendo nenhum ressarcimento financeiro.


6.4 Caso a situação não se enquadre nos itens 6.1 e 6.2 dessa cláusula, a parte lesada deverá apresentar uma justificativa plausível a ser analisada pela parte não lesada. Se as duas partes entrarem em concordância poderá ser feita a recisão sem ressarcimento financeiro.


6.5 Caso não haja concordância entre as partes e a parte lesada insista em rescindir o contrato, ela poderá recorrer a Justiça do Amor, devendo ambas as partes cumprir o que for determinado pelo órgão citado.


6.6 Em hipotése alguma (exceto quando for determinado pela Justiça do Amor) haverá ressarcimento financeiro, mas em todos os casos é aconselhável que a parte não lesada ressarça sentimentalmente a parte lesada com pedidos de desculpas e que ambas as partes mantenham uma relação cordial após o rompimento contratual.


6.7 Caso não haja tal ressarcimento sentimental e a parte lesada se sentir prejudicada poderá entrar na Justiça do Amor para requerer seus direitos.


CLÁUSULA SÉTIMA - DA DEFINIÇÃO DE AMOR PLENO


7.1 O CONTRATADO se prontifica a oferecer amor pleno de acordo com a definição dada para o mesmo nessa cláusula.


7.2 Amar o CONTRATANTE incondicionalmente.


7.3 Confiar no CONTRATANTE e dar a ele a liberdade que necessitar.


7.4 Cuidar do CONTRATANTE, oferecendo-o carinho e compreensão sempre.


7.5 Ouvir o CONTRATANTE quando necessário e apoiá-lo com palavras de conforto e gestos de afeto.


7.6 Perdoar o CONTRATANTE caso ele cometa algum deslize durante o período de vigência contratual.


7.7 Acompanhar o CONTRATANTE em todos os programas que ele desejar, oferecendo-o uma companhia amistosa e agradável.


7.8 Respeitar o CONTRATANTE e seus limites, não fazendo nada que ele não deseje.


7.9 Oferecer amizade sincera ao CONTRATANTE para que ela possa ser a base para o amor.


7.10 Satisfazer todos os desejos e fantasias sexuais do CONTRATANTE até que esse se sinta totalmente realizado.


7.11 Invadir o coração do CONTRATANTE para que ele se sinta amado e despertar dentro dele um amor tão forte quanto o que está sendo oferecido.


CLÁUSULA OITAVA - DISPOSIÇÕES GERAIS


8.1 O CONTRATANTE tem o direito de acrescentar itens na cláusula sétima desde que em concordância com o CONTRATADO.


8.2 As partes reconhecem este contrato como título executivo sentimental extrajudicial e, por assim se acharem justos firmam este contrato em 2 (duas) vias de igual teor, na presença de 2 (duas) testemunhas, elegendo o Foro de Belo Horizonte para sua execução e com renuncia expressa de qualquer outro por mais privilegiado que seja.


Belo Horizonte, 1 de janeiro de 2011




CONTRATANTE

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Assinatura

Nome legível:

CPF:

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CONTRATADO

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Assinatura

Nome legível: Carlito Dirgel

CNPJ: 22.160.988/2011-52

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TESTEMUNHA

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Assinatura

Nome legível:

CPF:

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TESTEMUNHA

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Assinatura

Nome legível:

CPF:

domingo, 26 de dezembro de 2010

Retrospectiva Amigos 2010


Um bom poeta nunca se despe do eu lírico. Eu, por não ser bom ou por não ser poeta, deixarei o Carlito Dirgel de lado por uma postagem e darei espaço ao Carlos.

2010 foi um ano bastante inconstante, mas, graças a uma série de fatores, chego ao seu fim em um dos melhores momentos da minha vida! E, por mais que eu possa parecer ou queira passar a imagem de individualista, as diversas pessoas que passaram na minha vida esse ano tiveram um papel crucial pra esse fim de ano majestoso.

Muitos continuaram na minha vida, outros entraram de forma definitiva, alguns, saíram, ou por conta própria, ou por ironia do destino e teve ainda aqueles que retornaram pro palco em que eu sou o ator principal.

E foi no convívio com essa multidão de pessoas que descobri e aprendi uma porção de coisas. Descobri novas facetas da amizade, aprendi a respeitar os meus limites e as vontades do próximo, descobri que ainda havia muito o que aprender...

Mais do que bons momentos, todas essas pessoas me proporcionaram experiências das quais eu nunca esquecerei, já que me colocaram mais em contato com o mundo e comigo mesmo. E foram tantas pessoas, tantos momentos, tanta vida, que e perderia nas memórias se fosse citar um por um.

Mas nem tudo foram flores... Algumas pessoas, por motivos que não vale a pena discutir, me proporcionaram momentos de extrema dor e sofrimento. Hoje estou no ápice, mas a montanha russa nunca foi tão oscilante como nesse ano: já estive no fundo do poço. Várias notícias ruins e acontecimentos desagradáveis se juntaram até explodirem no momento em que eu deveria estar melhor: meu aniversário. Estava cercado de pessoas especiais nesse momento, muitas delas são verdadeiros amigos, mas a carga estava tão pesada que me sentia só, e nessa solidão acabei perdendo o foco, saindo do eixo, indo para caminhos que talvez nunca devesse ter me aventurado...

Sim, a mancha negra está lá! Um teste? Talvez! Sei que passei por situações difíceis, mas novamente, foi com a ajuda das pessoas que consegui sair dessa situação que parecia não ter saída. Nesse momento as "pessoas virtuais" tomam um papel importante. Às vezes, numa conversa com uma pessoa que está distante e de quem você não espera muita coisa, acontecem algumas descobertas que mudam sua vida. Ou por te fazerem refletir em algumas posturas tomadas, ou por te colocarem em contato com sensações que você acreditava estarem adormecidas. E nesse meio tempo alguns anjos me tiraram do inferno e me mostraram o caminho do céu!

Restabelecido, e com um sentimento inexplicável pulsando dentro de mim, voltei ao convívio saudável com todos aqueles que me queriam bem. Não sei se alcancei as suas expectativas, mas tentei dividir o bom momento com todos os que torceram para que isso acontecesse!

É claro que a trajetória do ano não se resume às pessoas. Foi-se o tempo que minha vida era guiada por terceiros. Atualmente tenho minha espiritualidade e é ela quem me guia, mas não vim até aqui discutir isso. Se estou escrevendo um texto destacando a importância de TODOS os que participaram na minha vida esse ano é para agradecê-los imensamente por terem contribuído com a minha caminhada!

Mesmo aquelas que me proporcionaram um ódio mortal e que me colocaram em contato com sentimentos destrutivos e vingativos, sou grato! Perdoo os que me fizeram mal, já não carrego mais nenhuma mágoa. Mas gostaria de dar um MUITO OBRIGADO especial para aqueles que o tempo todo estiveram do meu lado com boas intenções e fizeram com que minha vida ficasse melhor!

Não citei nomes, pois iria esquecer muitos, e coloquei uma só foto de um passeio que foi muito agradável, pois não caberia e eu nem teria fotos com todos que desejasse colocar. Mas se você está lendo esse texto é porque está incluído nisso tudo e merece o meu agradecimento.

Para o ano que se aproxima, resta esperar o que está por vir, mas saiba que será sempre muito bem vindo se decidir continuar ao meu lado!

Grato,

Carlos.



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Bom Velhinho

É Natal!

A família está toda reunida. Fogos estão a explodir nos céus e a bela mesa de Natal que ficara intacta até o momento começa a ser atacada por devoradores ferozes. Aquela famosa tia chata grita estridentemente que está na hora do amigo oculto, e nessa algazarra familiar eu vou discretamente para sala, perto da árvore, fazer o que eu faço todas as noites de Natal: esperar Papai Noel!

A primeira vez foi aos os 5 anos. Minha avó me contou a fábula pouco antes de me colocar pra dormir na noite do dia 24 de dezembro. Encantado com a magia, não consegui dormir, e quando ouvi o sino da Igreja badalar a meia noite, fui de mansinho para junto da árvore esperar o bom velhinho. Nessa noite eu não o vi. Pensei ter chegado atrasado, pois os presentes já estavam sob a árvore. Fiquei triste, mas esperei meio impaciente o outro Natal pra poder ver o Papai Noel. Dessa vez me escondi atrás do sofá, e fui antes da meia noite, mas novamente ele foi mais rápido que eu.

Ano após ano a história se repetia, e eu bolava meu plano mirabolante para ver Papai Noel. Aos nove anos cheguei a arrumar comida para as renas com o intuito de atrasar a sua partida, mas não obtive sucesso. Acho que o dia que mais chorei foi aos 11 anos quando, as vésperas do Natal, um amiguinho me disse que Papai Noel não existia, que era coisa de criança e que só idiotas acreditavam nisso. Queria provar que ele estava errado, então, nesse ano, fiquei sentado no sofá, em frente da árvore de natal durante todo o tempo, desde as 20 horas, e, novamente, ele não apareceu. E eu chorei. Chorava como um bebê faminto, minha mãe fazia de tudo para me acalmar, mas nada era suficiente e, engasgando no choro, acabei pegando no sono.

A tristeza me acompanhou nos dias que procederam o Natal. Era como se uma estaca tivesse me perfurado e permanecesse ali. Queria chorar, mas segurava em soluços para não ser alvo de gozações. Como assim ele não existia?

Foi um golpe duro, mas continuei com a esperança. Ano após ano, a meia noite, lá estava eu perto da árvore esperando a visita inesperada. Nem os calores da adolescência me tiravam do "posto sagrado". Aos 15 anos, quando estava prestes a beijar a menina que paquerei o ano inteiro, as badaladas começaram a tocar, e eu corri desesperadamente para não perder aquele momento que para mim era tão especial!

Ao passar do tempo a espera foi se tornando apenas tradição. Ao soar dos sinos eu melancolicamente me aproximava da árvore e chorava a tristeza de infância. Por incrível que pareça, aquilo ainda doía... Como assim Papai Noel era só uma invenção?

E foi com esse mesmo lamento que me aproximei da majestosa árvore esse ano. Como tinha ficado bonita! O curso de design da minha irmã já estava surtindo efeito. Fiquei 5 minutos observando a árvore e com aquela esperança infantil já agonizante, mas não ainda morta. Desiludido, abaixei, peguei o presente com meu nome (minha mãe ainda mantinha esse costume) e fui tomar um ar lá fora, já que a algazarra familiar não estava muito compatível com meu momento introspectivo.

Sentei na calçada com o presente ainda fechado e comecei a observar as belas decorações. O espírito natalino ainda persistia, mas e o Papai Noel? No meio dessa revolta, vejo um menininho saindo correndo de uma casa e sentando numa escada do outro lado da rua. Preocupado com a cena, me aproximei e perguntei o que havia acontecido. Choroso, o menino me contou que haviam acabado de revelar a ele que Papai Noel não existia e quem dava os presentes eram os parentes. Instantaneamente voltei a minha infância, e senti aquela fincada no peito. Mais uma criança se desiludia... No momento fiquei sem ação. Pensei em contar a minha história, mas os prantos do menino não deixariam. Foi quando, num impulso de fantasia, pedi pra que ele ficasse calmo e falei que tudo o que tinham dito era mentira. Falei que Papai Noel existia sim, mas ele tinha tido um probleminha esse ano e não conseguiu chegar a tempo me dando a missão de entregar o presente para o garoto. Peguei meu presente e entreguei pro agora desconfiado garoto. Eu estava tenso, pois imaginei que minha mãe tivesse comprado um perfume e isso não é presente de criança, mas quando ele abriu pra sua (e minha) surpresa, era uma miniatura alemã de uma Ferrari que eu estava namorando a muito tempo. O menino pulou de felicidade, e eu me senti meio culpado de prolongar a fantasia dele. Foi nesse momento que ele me deu um forte abraço e disse: Obrigado, eu sabia que Papai Noel existia, fala pra ele que não importa o que me disserem, eu vou sempre acreditar!

O menino saiu correndo de volta para a casa contar as boas novas e eu, ainda atordoado e lamentando a perda da Ferrari, voltei pra casa e encarei novamente a árvore. De repente uma alegria repentina tomou conta de mim: PAPAI NOEL ESTAVA LÁ! Não, não era um velhinho gordo, vestido de vermelho e com um saco de presentes nas costas, naquele momento era eu! Papai Noel existia, e ele se manisfestava nos mais simples atos! Estava dentro da gente todo o tempo, mas muitas vezes, por egoísmo ou falta de tempo não o deixávamos aparecer. Levar felicidade ao próximo e ver nascer um sorriso no rosto choroso e alegria num coração partido me fez ver o Papai Noel que havia dentro de mim, e nessa explosão de felicidade corri até a cozinha e gritei como se estivesse comemorando um título:

PAPAI NOEL EXISTEEEE!!!



Nesse Natal, deixem que o Papai Noel que há dentro de vocês leve alegria a todos que amam! Eu garanto que felicidade que sentirão será imensa!

FELIZ NATAL!


C. Dirgel

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Conectado?

É sexta-feira. Acabo de voltar do cansativo dia de trabalho e, depois de um banho refrescante, já tenho destino certo: a internet!

Ahhh, não há prazer melhor depois de uma semana desgastante! Abro o orkut, começo a compartilhar vídeos no facebook, interajo com a galera no twitter, respondo aquelas perguntinhas espertas do formspring, vejo as fotos novas do pessoal no Badoo sem contar os inúmeros blogs e fotologs que eu sigo e comento puritanamente e o deus MSN.

Passam-se uma, duas, três, enfim, várias horas e pra mim era como se tivessem passado minutos. É tanta interação, tanta coisa nova que não tem como não se apaixonar pelo mundo virtual!

Como nem tudo são flores, sexta-feira que vem terei uma festa para ir. O que eu mais queria era uma desculpa convincente pra faltar... Ver aquelas mesmas caras com aqueles mesmos papinhos furados. Argh, dá nojo só de pensar. E quando lembro que vou trocar o paraíso digital por algumas horas num lugar cheio de gente chata e desconhecida já bate aquela deprê.

Sinceramente, não sei como meus avós e meus pais conseguiram sobreviver sem essa tecnologia. E o que dizer daquelas pessoas da minha faixa etária que dispensam esse luxo? Loucura, não pode ter outra explicação!

Conheci pessoas mais do que bacanas em vários lugares do país e do mundo. Converso com quem eu quero, o dia que quero, sou amado e tenho popularidade. O que mais alguém poderia querer?

Eu não entendo como ainda podem existir barzinhos, onde um bando de ogros sentam pra beber e conversar sobre qualquer idiotice ou baladas, em que as pessoas vão pra sentir na pele o efeito Cinderela, já que entram lindas e saem um lixo!

Outro dia me perguntaram se eu sou viciado em internet, e é óbvio que minha resposta foi NÃO. Eu simplesmente sei aproveitar os benefícios da grande rede e me divirto como uma pessoa normal.

Acabei de me formar num curso virtual, e assim que arrumar um novo emprego vou comprar o meu Ipad pra me manter mais conectado! E não deve demorar, já que meu currículo é bom. Só preciso sacar qual é a dos carinhas do RH que nunca vão muito com minha cara nas entrevistas.

Outra coisa que tem me empolgado bastante é o fim de ano. Já até comecei a construir uma rede social pra as festas online só para os vips! Melhor do que ter que passar o Natal com aqueles tios e primos insuportáveis e o Reveillon em algum clube pagando o olho da cara com a companhia de pseudoamigos!

Pronto, falei! Vcs sabem que aqui no meu blog eu desabafo e falo mesmo. Bom que assim mantenho meus verdadeiros amigos por dentro de tudo!

Dá-lhe vida, dá-lhe NET!

Beijos e até a próxima, seguidores!


sábado, 4 de dezembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Amor?


E eis que um dia me perguntam: poeta o que é o amor?
Apreensivo, respondo em versos e o perguntador se satisfaz!
No mesmo dia me pergunto: o que é amor?
A janela embaçada não me deixa enxergar nada além de brumas...
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Nem tudo é igual



E o verão se aproxima! A estação em que a vida brota com a maior força está prestes a chegar! O verde se torna mais verde, os animais e os insetos se multiplicam, as pessoas ficam mais ativas, e há quem diga que fiquem até mais felizes! Mas antes que ele chegue com toda a pompa que lhe é de costume, a primavera proporciona aos melancólicos dias de imenso prazer.

Foi num dia atípico que descobri tal fato. Era um dia nublado, e uma brisa fria soprava na cidade de Belo Horizonte. No trabalho, as pessoas chegaram bastante mau humoradas por terem de levantar da cama com aquele friozinho típico e não poderem ver a luz do Sol. No horário do almoço, todos reclamavam veementemente da garoa fina que caía. Cansado daquela saraivada de reclamações, que já estavam começando a me irritar, decidi almoçar sozinho. Aproveitei para comer aquele hamburguer do McDonald's que sempre dá uma injeção de ânimo incrível. Devorei rapidamente meu lanche, e, como ainda tinha pelo menos uma hora de folga até o segundo turno de trabalho, resolvi dar uma passadinha no Parque Municipal pra respirar um ar mais puro (a inversão térmica típica desses dias era um prato cheio para minhas crises alérgicas).

O parque estava bem vazio, provavelmente por causa da garoa, e as poucas pessoas que lá se encontravam estavam só de passagem, e não exibiam feições das mais agradáveis. Procurei um lugar para me sentar e descansar um pouco, mas os bancos estavam todos molhados. Insistindo no meu desejo, comprei um jornal por 25 centavos e depois de uma rápida folheada usei-o como o forro de um banco para assentar-me. Confesso que aquele ar puro foi um alívio para meus pulmões! Não fosse aquela chuva insistente que incomodava a todos e aquele céu irritantemente nublado, poderia dizer que era um dia ideal! Continuei observando as pessoas, e parecia unânime o descontentamento com o clima daquela tarde de primavera.

Quando eu já estava quase chegando a conclusão que dias como esses não deveriam existir pois só serviam para deprimir o ânimo das pessoas, vi um jovem garoto sentado sob a copa de uma árvore frondosa com fones no ouvido que parecia extremamente contente. Surpreso com aquela cena, continuei observando-o discretamente para ter certeza se aquilo era felicidade ou só uma impressão minha. O garoto aparentava ter uns 18 anos e vestia uma blusa preta com uma caricatura de caveira, uma calça jeans preta bem justa e um cinto preto com adornos de metal. Além disso calçava um allstar xadrez de cano longo e usava um penteado bem moderno.

Indignado com toda aquela felicidade, fui obrigado a me aproximar do garoto e puxar conversa. Sentei-me ao seu lado na grama úmida, cumprimentei-o e perguntei seu nome. Bastante solicito, o garoto tirou um dos fones do ouvido e se mostrou extremamente disposto a uma conversa. Sem muitas delongas, perguntei o que havia acontecido pra que ele estivesse tão feliz num dia tão triste como aquele. Surpreendentemente, ele deu uma gargalhada bem espontânea e disse que nada tinha acontecido! A razão de todo o contentamento dele era justamente aquele dia nublado, frio e chuvoso. Ainda um pouco confuso com aquela resposta, perguntei o que ele achava dos dias ensolarados, que sempre elevavam o ânimo de todo mundo. Foi então que ele disse que não funcionava muito como a maioria das pessoas. Esses dias aparentemente alegres o deixava extremamente deprimido e triste. A luz, dita por muitos como responsável por alegrar as pessoas, não tinha o mesmo efeito com ele. Eram os dias escuros, parados, e com um ar de melancolia que mais alegravam sua alma. "Parece que a natureza decide me homenagear e exterioriza tudo o que sinto", disse ele. Ainda sem compreender a razão daquele comportamento, fiz a pergunta básica: 'Mas por quê? Por que toda essa felicidade num dia tão atípico?'. Com um sorriso sereno ele respondeu que o que dava toda a beleza para o mundo era sua grande diversidade. Cada ser vivo tinha suas preferências. Ele citou as plantas que só se adaptavam à lugares frios, os animais de vida estritamente noturna, as bactérias que não toleravam oxigênio e vários outros exemplos que fogem à regra geral. "Podemos ser minoria, mas ajudamos a embelezar o mundo da nossa maneira! Nada mais justo que uma recompensa, como um dia perfeito igual a esse, para sentirmos parte disso tudo!". Contente com a resposta e meio envergonhdo com o pré-julgamento que eu havia feito, concordei com ele, agradeci-o pela conversa e desejei-lhe uma ótima tarde.

No caminho de volta para o trabalho fiquei rememorando aquela conversa e caí na real de quantas vezes desconsideramos as diferenças do mundo por um simples egoísmo de nossa parte. Deixamos de ver o lado bom de várias ocasiões simplesmente por tapar os olhos ao que, a primeira vista, não nos interessa!

Como eu disse, aí vem o verão, a estação da alegria, praia, diversão e tudo mais... Mas a partir de hoje, nunca mais vou esquecer que toda regra tem sua exceção, e não fosse as exceções viveríamos num mundo extremamente monótono e sem graça!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Só vivi 22

Caro leitor, não se assuste com o que está prestes a ler, são só divagações de um louco despretensioso que não devem ser levadas muito em conta. Começo dizendo que essa podia ser mais uma carta de suicídio, e confesso que a priori era essa a intenção, mas sempre tive certa atração pela originalidade, o que logo me fez desistir de tal ideia. Se isso era pra ser uma carta de suicídio vocês acertadamente concluem que eu pensei em realizar tal ato que a sociedade considera horrendo e devem estar se perguntando porque eu cheguei a esse ponto e o que me fez desistir. Como instiguei a curiosidade alheia o certo seria matá-la, correto? Mas nunca fui de seguir roteiros e tenho certo prazer em dar asas à imaginação, seja de qualquer natureza, logo, vou deixar que vocês imaginem o que pode ter acontecido. Se não vou despejar dramas e problemas sobre o leitor ele deve estar pensando onde quero chegar com esse texto. Ora, comecei dizendo que não tenho pretensão alguma, só estou juntando palavras para ver se elas tem algum sentido, afinal tudo deveria ter um sentido, concordam? Pelo menos eu sempre quis que fosse assim, mas vivo procurando um sentido, alguns porquês. Lá se vão 22 anos e nada deles... O que vivi durante todos esses anos? Não me lembro, talvez nada tenha sido marcante o suficiente. Ontem me disseram que ainda tenho muito mais a viver, mas queria que tivessem me dito onde encontro gana pra conseguir chegar até uma idade "morrível". Ainda estou mirando o que seria meu passaporte para uma nova etapa (mesmo que esta não passasse de uma estadia em um caixão com direito a micro decompositores), mas já não sinto vontade de prosseguir. De quê sinto vontade? Boa pergunta! Há tempos procuro alguém que me injete vontade nas veias e como não encontrei meu sangue está extremamente ralo. Se já fui feliz? Sempre li essa palavra mas nunca soube seu real significado. Vou tentar abstrair... Acabei de encontrar uma revista de ufologia em casa e talvez os extraterrestres tenham uma vida mais interessante que esse desastre humano. Assim me despeço, saindo do nada e chegando a lugar nenhum!


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quando a frase não sai o poeta engasga com o fulgor dos sentimentos.

Diário de um otário

Chego em casa. Já é tarde. Ligo para o delivery e peço um hambúrguer enquanto vou me praparando para um banho já que não aguento mais o cheiro daquele maldito perfume. Enquanto me dispo tento entender porque continuo usando o tal perfume. Seria pelo status de usar um cosmético francês? Bem provável... Também cogitei a hipótese de ter sido um presente da Camila, mas isso definitivamente não seria o motivo. Nos 8 meses que ficamos juntos não tive nenhum envolvimento sentimental, tanto que ela já está há dois meses em Paris e a única coisa que ando sentindo é uma liberdade imensa. Pensar na Camila me rendeu uma boa diversão durante o banho, só caí na real quando a campainha começou a tocar insistentemente anunciando meu jantar. Me enrolei rapidamente no roupão, peguei o dinheiro que já tinha separado e me deparei com um incrível X-tudo. Comi ainda de roupão, o sono vinha chegando, mas eu ainda tinha algo a fazer. Desde que passei no curso de Letras, há um ano e meio atrás, escrevo todos os dias um diário semi-fictício. É uma forma de aprimorar meus dotes literários, que diga-se de passagem já são acima da média, e ter um relato eterno sobre minha vida de estudante de graduação. Mas algo estranho aconteceu dessa vez... Fiquei algumas horas debruçado sobre o papel e não saiu nada mais do que lixo literário, então, pra não deixar de escrever, decidi fazer um relato do meu dia, como em qualquer outro diário. Talvez isso também seja arte. Acordei triste sem muita explicação, mas, mais triste ainda estavam as pessoas da faculdade... Incrível como todo mundo saía de perto quando eu chegava! No segundo horário teve a apresentação do trabalho. Glorioso! Estupendo! Todo mundo elogiou, mas o crápula do professor descontou metade dos pontos por pura inveja, já que não quis admitir que estava errado, mas paciência, não? No trabalho tudo saiu muito bem. Hoje foi dia de promoções pra muita gente. Ainda bem que não consegui, o outro setor é um saco... Minha chefe disse que tem grandes possibilidades de eu ir para um cargo gerencial no final do ano. Fico na expectativa. Chegando em casa tomei um banho rápido, vesti minha camisa nova, passei o tal perfume e fui pro bar de sempre curtir com a galera! Cheguei lá e não tinha ninguém. Esperei um pouco. Liguei para os caras. Alguns não atenderam, outros estavam com as namoradas e alguns estavam duros. Decidi pegar uma sessão de cinema e liguei pra algumas gatas. A Mariana aceitou. Ela sempre foi apaixonada por mim. Logo pensei que teria uma noite e tanto, mas ela ficou se esquivando de mim durante o filme e não aceitou o convite de vir pro meu ap. Nada que o bordel do centro não resolvesse. Dei uma passadinha lá para não perder o costume. Sempre fico em contato bastante íntimo com minha virilidade nessas ocasiões. Cheguei em casa tarde, como já disse, mas em êxtase por mais um dia perfeito. Cumprida minha obrigação vou desfaceler na cama agora se o vizinho parar com o ensaio irritante de guitarra!

sábado, 4 de setembro de 2010

O reino das cartas




Há muito tempo, em um lugar longínquo, uma vasta extensão de terra era dominada por quatro grandes reinos. O primeiro deles era o reino de Espadas, conhecido pelo seu forte domínio nas artes de luta e guerra. O segundo era o reino de Ouros, o mais rico dos quatro, uma vez que prezava pelo ganho e acúmulo de dinheiro. O terceiro era o reino de Paus, que se destacava pela suas majestosas construções e técnicas avançadas de engenharia. Por último, mas não menos importante, havia o reino de Copas que se dizia especialista nos assuntos do coração. A organização dos 4 reinos era bem similar. Havia um Rei que governava o reino, ditando as leis e regras que deviam ser seguidas e a Rainha, que, além de desposar o rei, dava o exemplo de comportamento feminino ideal. Além dessas duas personagens importantes havia o Valete, a figura mais importante do reino segundo os sábios ases, uma vez que era o braço direito do Rei, colocando todas suas medidas em prática e sendo responsável pela segurança do reino, diplomacia e cobrança de impostos. O Rei era uma figura respeitada e adorada pelos seus súditos e, ao lado de sua Rainha, sempre carismática e atenciosa, governava com tranquilidade, apoiado no indispensável Valete, que apesar de responder pela maior parte da administração e manutenção dos reinos, era extremamente odiado por todos. Por suas inúmeras competências, o Valete era um homem inteligente e perspicaz, que não se deixava enganar. Um jogador de primeira, estrategista ímpar, que conseguia ganhar dinheiro de qualquer apostador por maior que fosse sua fama. A única área que o Valete não poderia se gabar de forma alguma era a amorosa. Ele não tinha muito tato com as mulheres, e nunca conseguia emplacar um relacionamento, nem mesmo o Valete de Copas, que por conta disso vivia em um eterno dilema. Todos os dias ele ficava horas em seus aposentos entristecido, por não conseguir amar nenhuma donzela, por mais bela e educada que ela fosse. Logo ele, o Valete de Copas? Ele tinha que conseguir! Mas nada dava certo. Com o tempo, a tristeza do Valete de Copas começou a atrapalhá-lo em suas funções primordiais, e seu reino começou a entrar em decadência. Furioso, o Rei logo cobrou resultados de seu súdito de confiança que foi obrigado a refazer seu juramento de fidelidade e compromisso para com o reino. Bem que o Valete de Copas tentou voltar a atividade, mas o vazio que tomava conta de si era mais forte que qualquer outra coisa. Preocupada com a situação do reino, a Rainha de Copas decidiu agir. Utilizando-se de sua intuição feminina, ela teve uma conversa franca com o Valete para descobrir o que o atrapalhava. Em prantos o Valete expôs sua ferida e comoveu aquela Rainha que logo se dispôs a ajudá-lo a encontar seu verdadeiro amor. Durante vários meses a Rainha encontrou-se em segredo com o Valete de Copas para aconselhá-lo, dizer coisas que as mulheres gostavam, deixá-lo por dentro dos assuntos que elas se interessavam, como ele deveria falar, tocar... Logo o Valete voltou a ser como antes, e o reino dava visíveis sinais de prosperidade. Mas com o passar do tempo, aqueles encontros com a Rainha ficaram cada vez mais frequentes e demorados, e parecia estar surgindo alguma coisa nova entre os dois. Então, num belo fim de tarde do outono, os dois observavam o campo coberto de folhas quando as duas mãos se encontraram. Eles trocaram olhares, aproximaram o rosto e selaram aquele momento com um beijo apaixonado. Não havia mais volta, o amor havia nascido. Era um amor proibido. Ela jurara fidelidade ao marido e ao reino. Ele também tinha um compromisso com seu Rei. Mas o sentimento era tão avassalador que os encontros furtivos continuaram mesmo sob o risco de alguém descobrir o romance secreto. E eis que um dia acontece e é logo o rei quem os flagra na cama em pleno ato de traição. Possesso de raiva o Rei desbainha sua espada e acerta sua esposa com um golpe fatal. Ele tenta assassinar também seu súdito infiel, mas o Valete consegue deflagrar um golpe contra o Rei, que cai desfalecido. Desesperado, o Valete corre pelo castelo com o corpo de sua amada em mãos e foge do reino. Após esse fato, o Reino de Copas entrou em total decadência. A paz entre os reinos foi quebrada e diversas guerras auxiliaram na destruição do reino de Copas e posteriormente dos 3 outros. Há quem diga que o próprio Valete de Copas, infiltrado em outros reinos, foi o responsável pela destruição daquela civilização, movido por um sentimento misto de ódio, vingança e culpa. Fato é que hoje pouco se sabe sobre aquela época, já que a maioria dos arquivos foram perdidos, só a fama de traiçoeiro do Valete prevaleceu. Alguns acreditam que uma pequena cabana com um túmulo ao lado onde foram encontrados várias cartas apaixonadas teria servido de esconderijo do Valete e local de repouso eterno para a Rainha de Copas. Mas o que ninguém sabe é que ali nasceu o verdadeiro amor, um amor puro e inocente que ainda paira nos dias de hoje procurando uma terra fértil para se deselvover e gerar belos frutos!

sábado, 7 de agosto de 2010

Na praça

Depois de mais uma semana de compromissos, decidi tirar o fim da tarde para desanuviar, como já diziam "Os Mutantes" em uma música antiga. Caminhei até uma praça tranquila que há muito não visitava, acomodei-me num cantinho do coreto, cruzei as pernas na posição infante de "pezinho de índio" e comecei a meditar. Assim fiquei por cerca de uma hora e, ao voltar à realidade, já me sentia mais leve, tranquilo e feliz. Para completar o processo, sentei-me em um banco da praça, comecei a observar as pessoas e a natureza e coloquei meus fones para apreciar minha playlist. Nesse transe de alegria avistei uma típica hippie me observando e caminhando em minha direção. Logo pensei que ela iria me oferecer algum tipo de artesanato, e confesso que até compraria movido pelo meu ótimo estado de espírito, mas suas mãos estavam vazias... Continuei fitando-a e tive certeza que ela vinha ao meu encontro quando ela, delicadamente, pediu licença para sentar-se ao meu lado. Previndo que estava por vir uma conversa agradável, tirei o fone de um dos ouvidos e voltei meu olhar em sua direção. Ela sorriu, e logo falou que já vinha me observando há algum tempo, desde quando eu estava no coreto e que sentiu uma vontade imensa de ter um dedo de prosa comigo. Surpreso com aquela decalaração perguntei o porquê dessa vontade, e mais supreso ainda fiquei quando ela disse que eu era a pessoa mais feliz que ela já vira desde muito tempo! Ora, como assim? Logo eu que sou "carinhosamente" chamado de depressivo e emo pelos meus amigos por ser mestre em curtir uma melancolia? Como aquela singela moça poderia enxergar isso em mim? Seria efeito de alucinógenos? Antes de me perder em meus pensamentos e deduções resolvi perguntá-la por que ela teve essa impressão. Foi nesse momento que ela tirou de seu bolso um pequeno espelho redondo e pediu para que eu olhasse. Achei engraçado, mas segui seu conselho. Enquanto eu olhava ela começou a falar: Veja, você sorri com os olhos! Quase ninguém sorri com os olhos ultimamente porque eles são o reflexo da alma e, apesar de muitas pessoas parecerem ser um antro de felicidade, é tudo fruto de falsidade. Os olhos são o melhor reflexo da alma, e se seus olhos estão sorrindo, tenha certeza que sua alma também está sorrindo. Sua alma está feliz e você está exalando felicidade! Fiquei atônito com aquelas palavras. Era exatamente aquilo que estava sentindo assim que sentei naquele banco. Uma sensação de felicidade profunda, algo que parecia ser pleno! E naquele momento de pequena confusão um gato amarelo veio roçar em minha perna. A hippie abriu um sorriso fraternal, pegou o gato em seu colo e disse que o Grilinho (esse devia ser o nome do gato) nunca chegava perto de ninguém a não ser ela, e que isso era a prova de que eu estava em sintonia perfeita comigo mesmo e com o mundo, e que estava atraindo boas coisas. Tentei justificar o fato dizendo que sempre tive gatos e que já sou quase um veterinário, por isso essa boa relação com animais, mas ela, com uma doçura incrível me aconselhou a não negar esse momento espetacular pelo qual estava passando, somente aceitá-lo e colher os frutos que ele iria me dar! Logo depois ela se levantou ainda com o gato na mão dizendo que ele precisava comer e começou a distanciar-se. Sem saber o que fazer eu a chamei e só consegui falar "Obrigado!". Mais uma vez ela me impressionou dizendo que era ela que deveria agradecer por ter tomado um pouquinho dessa minha alegria de viver. Ainda fiquei alguns instantes paralisado no banco. Só depois de alguns minutos que a hippie havia deixado meu campo de vista que consegui me movimentar, colocando novamente o fone em meu ouvido. Certo de que meu desanuvio já estava completo comecei a rumar em direção a minha casa, e ao chegar deitei-me em minha cama e fiquei repetindo em mente nossa breve conversa. Não sei seu nome, não sei de onde ela veio, não sei e talvez nunca saberei o porquê dela ter se aproximado de mim, mas sei que ela me deu a peça que estava faltando para o quebra cabeça se completar. Um anjo da guarda, uma miragem, uma pessoa que consegue valorizar a simplicidade da vida? Não sei. Só sei que desde então aquelas palavras vem se repetindo em minha mente e uma infinidade de boas coisas tem acontecido. Não vou tentar entender nada, não vou questionar nada, muito menos negar esse bom momento! Vou aproveitá-lo, afinal não é sempre que nos encontramos nessa prazerosa sintonia!
P.S.: Hoje, mirando-me naquele pequeno espelho que ela deixou comigo (na atonicidade do momento nem lembrei de devolvê-lo) consegui ver o sorriso dos meus olhos!

domingo, 1 de agosto de 2010

Olhos embaçados

Gosto de ver as coisas com clareza, mas meus olhos embaçados já não mais me deixam fazer isso! Desde o dia que invadi uma área pura e inexplorada, algo tem vindo frequentemente distorcer minha visão quando tento focar naquele cantinho um dia perdido. E numa dessas conversas que a gente escuta pela rua alguém disse que um óculos poderia resolver o problema. Tentei vários tipos: grandes, pequenos, escuros, antirreflexo, aro fino, grosso, com e sem grau e tantos outros. Mas eles acabavam formando uma miragem e me guiando para o lado oposto, então eu me esbanjava de prazer, porém, quando tirava os óculos me encontrava perdido e sozinho num lugar escuro e medonho onde eu sempre jurei nunca pisar. Cansado desse paliativo resolvi procurar na internet, e lá encontrei a perfeição: lentes de contato. Sim, elas me guiariam pro meu aconchego e eu veria tudo com clareza novamente! Foi aí que algo inesperado aconteceu. Ela não parava no olho. Algumas vezes insistia em não entrar, em outras era jogada pra fora por alguma coisa, e quando, depois de muito esforço, ela decidia seguir as leis da estática, isso não durava mais que poucos minutos. Logo percebi que não seria uma boa solução e decidi procurar uma especialista. No consultório, depois de uma bateria de perguntas e exames, a oftamologista me receitou um colírio. Não tinha como dar errado dessa vez, eu recuperaria a clareza da visão. Pinguei. Ardeu. Passou algum tempo. O ardor não passou. Tentei abrir o olho. Não consegui. O desespero foi tomando conta. Tateei pela casa, encontrei o celular e agradeci por ter uma boa memória e ainda lembrar o telefone da médica. Ao relatar o que estava acontecendo ela sugeriu que eu lavasse ambos olhos com água corrente e suspendesse aquele (caro) medicamento imediatamente. Ainda tentei outros colírios, mas nenhum surtiu efeito. Um dia então, descontente por não ter solucionado meu problema, me encolhi num canto do quarto com um sentimento de inferioridade assustador. Uma tristeza avassaladora foi tomando conta de mim, e quando percebi ela já estava transbordando pelos olhos. Chorei. Foram longos minutos para que eu conseguisse me desfazer de todas as lágrimas. Depois levantei e fui lavar meu rosto. Foi então que, surpeendentemente, me toquei que estava enxergando perfeitamente. Eram as lágrimas que estavam embaçando minha visão e eu só precisava me desfazer delas para voltar a vislumbrar meu porto seguro. Caminhei até ele. Um sorriso aflorou e a felicidade tomou conta de mim.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O recado

Começo a escrever. Algo precisa ser dito mas não sabe como. Apago. Recomeço. As palavras não parecem capazes de transmitir o recado. Será que devo ser direto? Não. Tarde demais para isso. Quando tive essa chance a coragem me abandonou. Será que o recado precisa mesmo ser escrito? Durante meses a fio pensei que estivesse transmitindo-o. Olhares, sorrisos, gestos... Até imaginei ter recebido algum tipo de resposta, mas as atitudes que se seguiram não foram condizentes com o teor da mensagem. Creio que tudo tenha esbarrado numa senhora chamada incompreensão. Deveria me desculpar, me justificar? Será que tenho alguma culpa? Algumas linhas já se foram e nada de recado. A propósito nem sei se há um. Talvez seja só mais um fruto da minha mente confusa... Parei! Sua feição invadiu meus pensamentos e me deixou sem ação. Qual seria sua reação quando soubesse? Será que entenderia? Muitas perguntas, poucas respostas, nenhum recado. Será que sou tão covarde a ponto de não conseguir nem ao menos escrevê-lo? Procuro uma lágrima, não a encontro. Minhas últimas experiências me tornaram mais frio. Queria ter alguém pra me aquecer. Queria me livrar dessa preocupação idiota que tem me subtraído noites de sono. Queria ter a indiferença que outrora acreditei possuir. Três desejos, nenhuma lâmpada mágica, nada de recado. Mais uma tentativa frustrada, porém, a última. Foi o máximo que consegui e não iria além por mais que me esforçasse. Espero que esse texto chegue nas suas mãos um dia e que você consiga captar algo nas entrelinhas. Enquanto isso vou revirando algumas caixas antigas a procura do erro cometido cujas consequências não param de me atormentar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Carta ao amor

Belo Horizonte, 18 de outubro de 2009

2007, pra muitos só mais um ano que se foi, para mim, um ano que nunca passou. Foram apenas três meses que ficamos juntos, mas uma eternidade de emoções tomou conta do meu ser! Ainda me lembro do doce sabor de seus lábios, da pureza do seu olhar cor de mel, da delicadeza de suas frágeis mãos, e, mais do que tudo, do afeto depositado nas suas carícias... Queria tanto que você estivesse ao meu lado agora, deitada no meu colo, sob a sombra do ipê roxo, outrora florido, que você tanto admirava. Aqui passamos nossos melhores momentos. Aqui nos tornamos um só. Aqui voltamos a ser dois... Nenhuma briga, nenhuma desavança, somente um simples adeus sem mais explicações. A falta de reação do momento se transformou em um mar de sentimentos que só fazia aumentar com as lágrimas derramadas pela dor de sua perda. Você se manteve por perto, mas a curta distância combinada com frieza e indiferença só aumentou ainda mais meu silencioso sofrimento. Silencioso, fruto de um orgulho egoísta que me mantinha "forte" e distante, mas sofrimento, fruto de um sentimento que eu jamais sentira antes e creio que jamais sentirei novamente, um sentimento cujos românticos chamam de amor. Me calei e escondi minha dor, mas minhas forças se esgotaram e eu sucumbi! Só consigo pensar em você, sua presença se faz constante nos meus sonhos e até alucinações já me perseguem. Não sei se é coragem ou covardia, mas a única saída que vejo no momento é implorar por pelo menos mais um dia ao seu lado. É tudo que preciso para expulsar esse vazio que já me corrói por tanto tempo. Espero ansiosamente sua resposta. Se vier, serei eternamente grato, se não, serei para sempre um prisioneiro desse doloroso sentimento.




C. Dirgel

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Rachadura


Sim! Dentro desse peito bate um coração. TUM TÁ, TUM TÁ, TUM TÁ. Sempre assim, às vezes acelera-se, às vezes parece parar. Parar! Quantas vezes já não quis fazer isso... Mas enquanto não faço ele lá continua seu trabalho, um trabalho fisiologicamente fácil, mas emocionalmente complicado. Por anos desprotegido ele foi ferido, esmagado, dilacerado, apunhalado. Sentimentos que pareciam concreto para reorganizá-lo não passaram de veneno para debilitá-lo ainda mais. Já no estado agonizante, eis que surge a primeira ideia genial. Era perfeita, a solução de todos os problemas. Bastaria colocar uma proteção ao seu redor, um isolante total, que não permitisse que nada além de sangue entrasse e saísse. A vida foi um paraíso por um mês. Lá estava ele protegido, cicatrizando todas suas feridas e trabalhando com tranquilidade. Mas o tempo passou e o paraíso começou a ficar cinza. Sem sentimentos a vida se tornou uma sobrevida e a proteção se transformou num método de autotortura. Teimoso, resolvi deixar a pseudoproteção acreditando que era o melhor a se fazer, porém, a pressão interna causada pelos sentimentos que insistiam em sair do coração superou a resistência daquele material protetor e, seguindo um conceito básico da física, a proteção se rompeu e a situação voltou a ser a mesma. Quiçá pior! O sôfrego coração continuou servindo como um hotel pra emoções, mas o hotel já estava velho, caindo aos pedaços, e, por conta disso, só recebia os hóspedes mais chinfrins, daqueles arruaceiros, que descontentes com a péssima situação do estabelecimento procuram piorá-lo, seja jogando uma bola de papel higiênico molhado no teto ou roubando a toalha bordada que outrora servira aos nobres. Com uma administração desorientada, nada além de paliativos eram feitos. De que adianta retirar aquela bola de papel ou comprar uma nova toalha se os cupins continuam roendo as estruturas? Falido! Sim, falido! Assim estava aquele estabelecimento chamado coração. Mas então surge um novo administrador com pensamentos deveras positivos de recuperar o que parecia irrecuperável. A reforma começa. Muito lixo é encontrado e jogado fora, até aquela sujeirinha mais escondida. Muitas antiguidades são descobertas e colocadas no porão. Insetos e parasitas são devidamente eliminados. Paredes antigas são derrubadas e outras novas são construídas. A fachada também é reformada, e no fim temos um coração renovado, pronto pra reviver todo tipo de emoção. Mas será que devo deixar o coração desprotegido? Não estaria ele sujeito a todo tipo de estragos que sofrera no passado? Orgulhoso da reforma feita e temeroso que o patrimônio fosse depedrado novamente, decidi protegê-lo. Não com um isolante total sugerido pela física da última vez, mas sim com a membrana semipermeável tão utilizada na biologia. Ela decide o que entra e o que sai, e o excesso que insistir em sair mas não passar pela membrana será devidamente reciclado. Novamente vislumbrei o paraíso, e lá se vão algumas semanas, mas só escrevi isso tudo porque vi algo que me chamou atenção. Apesar de tudo estar na mais perfeita ordem, uma pequena RACHADURA se faz presente no cantinho esquerdo da membrana. Estaria a proteção fadada ao fracasso outra vez? Estaria o paraíso prestes a ser varrido por um dilúvio externo? Sinceramente não sei, só o tempo dirá. Enquanto isso vou curtindo o paraíso e ouvindo um som tranquilizador: TUM TÁ, TUM TÁ, TUM TÁ, TUM TÁ...

terça-feira, 20 de julho de 2010

A Busca


Frio, silêncio, escuridão
Tento sair um pouco
Alguma coisa me falta
Será que perdi lá fora?

Vejo pétalas voando
Um espetáculo da natureza
Algo me intriga
Teriam elas rumo?

Envolto na multidão
As vozes se misturam em uníssono]
Pessoas passam e não me veem]
Estariam elas cegas?

Encontro seu olhar caliente
Na cama o gozo me satisfaz
Deitado ao luar me pergunto
Por que prazeres passageiros?

Perguntas me invadem
Esbarram no vácuo
Se multiplicam
Me confundem
Me calam

Uma lágrima começa a nascer
Desce pelas marcas que o tempo deixou
Seria uma tentativa de fuga?
Talvez, mas não há esconderijo...

A lágrima se vai
E eu volto para a casa

O frio me paralisa
E por mais calientes que sejam os olhares
Eles não me aquecerão

O silêncio me cala
E por mais altas que sejam as vozes
Elas não falarão por mim

A escuridão me desorienta
E por mais que as pétalas tentem dar a direção
Elas não me iluminarão

Estaria a solução
Trancada no baú do porão?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Só um blog!

Sempre me disseram que seria interessante criar um blog para publicar o que eu costumava escrever. Nunca senti essa necessidade, já que são escritos bastante pessoais, até alguém dizer: "Mas o que há de mal? É só um blog! E você escolhe o que entra ou não!". Achei um insulto, será que aquela pessoa não estava considerando a importância daqueles rascunhos para mim? Eles são meus e não vou dividir com ninguém, pensei! Outros pensamentos vieram depois desse e a conclusão, paradoxalmente, me fez criar esse blog! Qual a conclusão? Simples, esse egoísmo era fruto de um inexplicável medo de mostrar uma pequena parte de mim para o mundo! Um esconderijo que agora se faz desnecessário. Talvez o único erro daquela pessoa tenha sido dizer que isso "é só um blog", tenho a impressão que será muito mais que isso...

Aparências

Olhe
Se depare com a felicidade
Aprecie o encanto do sorriso
Dance ao som do sino da prosperidade

Espere
Observe mais um pouco
Se atente à mão inquieta
Veja a indecisão durante a pausa

Pare
Mergulhe mais profundamente
Entre pelo fugaz olhar distante
E descubra a dor daquela alma

Gestos e atitudes
Tudo em vão!
No âmago daquele ser
Não há aparência confortante

O belo é feio
A coragem é medrosa
O simples é complexo
E a verdade, uma porção de mentiras

Uma escolha
Duas vidas
A boa pertence aos outros
A ruim não divido com ninguém.


Cansei


Cansei de tanto procurar
Procurar por algo que cubra esse vazio
Vazio que me acompanha por tanto tempo
Tempo que insiste não passar

Cansei de tentar ser bom
Bom aos olhos dos outros
Outros que não me dão valor
Valor que insiste em se esconder

Cansei de simular felicidade
Felicidade que não passa de ilusão
Ilusão de que tudo são flores
Flores que insistem não chegar

Cansei de alimentar a vida
Vida que se esvai tão fácil
Fácil assim como vem a morte
Morte que insiste em esperar

Cansei de seguir as regras
Por isso agora as quebro
A arte é um espelho que reflete
O que o poeta tenta relatar

Vencido pelo cansaço?
Essa é a conclusão dos tolos
As engrenagens continuam girando
Rumo a uma história sem fim

Se a história não tem fim
O poema precisa de um
E fica no ar a pergunta
Que te convida a responder

De que valem as flores
Se com o tempo todas morrem?