terça-feira, 4 de outubro de 2011

Esqueça


Esqueça as lacunas remotas do passado,
Esqueça o vento, a brisa, o relento.
Esqueça o mármore que refletia tua face
tingindo disforme teu pranto cruento.

Esqueça a miséria ardente do amor,
Esqueça a lamúria do canto arrependido.
Esqueça as garras cruéis e ardentes
que feriam a alma em eterno alarido.

Abandone as lembranças.

Guarde recordações em jazigos.
Monotonia em serenata
acordada a versos vazios.

Vociferar? Esbravejar? Colerizar?

Renunciar!
Destravar a velha caixa
que outrora Pandora tratou de abrir.

Libertar!
Liquidar!
Estancar!
Esquecer...

Esqueça a linguagem rebuscada dos poemas,

Esqueça a métrica inútil das palavras.
Esqueça o intenso esforço do poeta
de ocultar a ferida há muito escancarada.

Esqueça o passado sádico,
Esqueça o sofrimento dolorido.
Sopre as nuvens da intensa tempestade
que deixou em ruínas os campos floridos.

Esqueça

squeça
queça
ueça
eça
ça
a
.

E tudo acaba no ponto final.
E tudo acaba no ponto esperança.




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