
Escrever sempre foi um passatempo muito valioso, e nos rascunhos espalhados por aí reside um pouco de mim, quem quiser, delicie-se.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Só vivi 22
Caro leitor, não se assuste com o que está prestes a ler, são só divagações de um louco despretensioso que não devem ser levadas muito em conta. Começo dizendo que essa podia ser mais uma carta de suicídio, e confesso que a priori era essa a intenção, mas sempre tive certa atração pela originalidade, o que logo me fez desistir de tal ideia. Se isso era pra ser uma carta de suicídio vocês acertadamente concluem que eu pensei em realizar tal ato que a sociedade considera horrendo e devem estar se perguntando porque eu cheguei a esse ponto e o que me fez desistir. Como instiguei a curiosidade alheia o certo seria matá-la, correto? Mas nunca fui de seguir roteiros e tenho certo prazer em dar asas à imaginação, seja de qualquer natureza, logo, vou deixar que vocês imaginem o que pode ter acontecido. Se não vou despejar dramas e problemas sobre o leitor ele deve estar pensando onde quero chegar com esse texto. Ora, comecei dizendo que não tenho pretensão alguma, só estou juntando palavras para ver se elas tem algum sentido, afinal tudo deveria ter um sentido, concordam? Pelo menos eu sempre quis que fosse assim, mas vivo procurando um sentido, alguns porquês. Lá se vão 22 anos e nada deles... O que vivi durante todos esses anos? Não me lembro, talvez nada tenha sido marcante o suficiente. Ontem me disseram que ainda tenho muito mais a viver, mas queria que tivessem me dito onde encontro gana pra conseguir chegar até uma idade "morrível". Ainda estou mirando o que seria meu passaporte para uma nova etapa (mesmo que esta não passasse de uma estadia em um caixão com direito a micro decompositores), mas já não sinto vontade de prosseguir. De quê sinto vontade? Boa pergunta! Há tempos procuro alguém que me injete vontade nas veias e como não encontrei meu sangue está extremamente ralo. Se já fui feliz? Sempre li essa palavra mas nunca soube seu real significado. Vou tentar abstrair... Acabei de encontrar uma revista de ufologia em casa e talvez os extraterrestres tenham uma vida mais interessante que esse desastre humano. Assim me despeço, saindo do nada e chegando a lugar nenhum!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Diário de um otário
Chego em casa. Já é tarde. Ligo para o delivery e peço um hambúrguer enquanto vou me praparando para um banho já que não aguento mais o cheiro daquele maldito perfume. Enquanto me dispo tento entender porque continuo usando o tal perfume. Seria pelo status de usar um cosmético francês? Bem provável... Também cogitei a hipótese de ter sido um presente da Camila, mas isso definitivamente não seria o motivo. Nos 8 meses que ficamos juntos não tive nenhum envolvimento sentimental, tanto que ela já está há dois meses em Paris e a única coisa que ando sentindo é uma liberdade imensa. Pensar na Camila me rendeu uma boa diversão durante o banho, só caí na real quando a campainha começou a tocar insistentemente anunciando meu jantar. Me enrolei rapidamente no roupão, peguei o dinheiro que já tinha separado e me deparei com um incrível X-tudo. Comi ainda de roupão, o sono vinha chegando, mas eu ainda tinha algo a fazer. Desde que passei no curso de Letras, há um ano e meio atrás, escrevo todos os dias um diário semi-fictício. É uma forma de aprimorar meus dotes literários, que diga-se de passagem já são acima da média, e ter um relato eterno sobre minha vida de estudante de graduação. Mas algo estranho aconteceu dessa vez... Fiquei algumas horas debruçado sobre o papel e não saiu nada mais do que lixo literário, então, pra não deixar de escrever, decidi fazer um relato do meu dia, como em qualquer outro diário. Talvez isso também seja arte. Acordei triste sem muita explicação, mas, mais triste ainda estavam as pessoas da faculdade... Incrível como todo mundo saía de perto quando eu chegava! No segundo horário teve a apresentação do trabalho. Glorioso! Estupendo! Todo mundo elogiou, mas o crápula do professor descontou metade dos pontos por pura inveja, já que não quis admitir que estava errado, mas paciência, não? No trabalho tudo saiu muito bem. Hoje foi dia de promoções pra muita gente. Ainda bem que não consegui, o outro setor é um saco... Minha chefe disse que tem grandes possibilidades de eu ir para um cargo gerencial no final do ano. Fico na expectativa. Chegando em casa tomei um banho rápido, vesti minha camisa nova, passei o tal perfume e fui pro bar de sempre curtir com a galera! Cheguei lá e não tinha ninguém. Esperei um pouco. Liguei para os caras. Alguns não atenderam, outros estavam com as namoradas e alguns estavam duros. Decidi pegar uma sessão de cinema e liguei pra algumas gatas. A Mariana aceitou. Ela sempre foi apaixonada por mim. Logo pensei que teria uma noite e tanto, mas ela ficou se esquivando de mim durante o filme e não aceitou o convite de vir pro meu ap. Nada que o bordel do centro não resolvesse. Dei uma passadinha lá para não perder o costume. Sempre fico em contato bastante íntimo com minha virilidade nessas ocasiões. Cheguei em casa tarde, como já disse, mas em êxtase por mais um dia perfeito. Cumprida minha obrigação vou desfaceler na cama agora se o vizinho parar com o ensaio irritante de guitarra!
sábado, 4 de setembro de 2010
O reino das cartas

Há muito tempo, em um lugar longínquo, uma vasta extensão de terra era dominada por quatro grandes reinos. O primeiro deles era o reino de Espadas, conhecido pelo seu forte domínio nas artes de luta e guerra. O segundo era o reino de Ouros, o mais rico dos quatro, uma vez que prezava pelo ganho e acúmulo de dinheiro. O terceiro era o reino de Paus, que se destacava pela suas majestosas construções e técnicas avançadas de engenharia. Por último, mas não menos importante, havia o reino de Copas que se dizia especialista nos assuntos do coração. A organização dos 4 reinos era bem similar. Havia um Rei que governava o reino, ditando as leis e regras que deviam ser seguidas e a Rainha, que, além de desposar o rei, dava o exemplo de comportamento feminino ideal. Além dessas duas personagens importantes havia o Valete, a figura mais importante do reino segundo os sábios ases, uma vez que era o braço direito do Rei, colocando todas suas medidas em prática e sendo responsável pela segurança do reino, diplomacia e cobrança de impostos. O Rei era uma figura respeitada e adorada pelos seus súditos e, ao lado de sua Rainha, sempre carismática e atenciosa, governava com tranquilidade, apoiado no indispensável Valete, que apesar de responder pela maior parte da administração e manutenção dos reinos, era extremamente odiado por todos. Por suas inúmeras competências, o Valete era um homem inteligente e perspicaz, que não se deixava enganar. Um jogador de primeira, estrategista ímpar, que conseguia ganhar dinheiro de qualquer apostador por maior que fosse sua fama. A única área que o Valete não poderia se gabar de forma alguma era a amorosa. Ele não tinha muito tato com as mulheres, e nunca conseguia emplacar um relacionamento, nem mesmo o Valete de Copas, que por conta disso vivia em um eterno dilema. Todos os dias ele ficava horas em seus aposentos entristecido, por não conseguir amar nenhuma donzela, por mais bela e educada que ela fosse. Logo ele, o Valete de Copas? Ele tinha que conseguir! Mas nada dava certo. Com o tempo, a tristeza do Valete de Copas começou a atrapalhá-lo em suas funções primordiais, e seu reino começou a entrar em decadência. Furioso, o Rei logo cobrou resultados de seu súdito de confiança que foi obrigado a refazer seu juramento de fidelidade e compromisso para com o reino. Bem que o Valete de Copas tentou voltar a atividade, mas o vazio que tomava conta de si era mais forte que qualquer outra coisa. Preocupada com a situação do reino, a Rainha de Copas decidiu agir. Utilizando-se de sua intuição feminina, ela teve uma conversa franca com o Valete para descobrir o que o atrapalhava. Em prantos o Valete expôs sua ferida e comoveu aquela Rainha que logo se dispôs a ajudá-lo a encontar seu verdadeiro amor. Durante vários meses a Rainha encontrou-se em segredo com o Valete de Copas para aconselhá-lo, dizer coisas que as mulheres gostavam, deixá-lo por dentro dos assuntos que elas se interessavam, como ele deveria falar, tocar... Logo o Valete voltou a ser como antes, e o reino dava visíveis sinais de prosperidade. Mas com o passar do tempo, aqueles encontros com a Rainha ficaram cada vez mais frequentes e demorados, e parecia estar surgindo alguma coisa nova entre os dois. Então, num belo fim de tarde do outono, os dois observavam o campo coberto de folhas quando as duas mãos se encontraram. Eles trocaram olhares, aproximaram o rosto e selaram aquele momento com um beijo apaixonado. Não havia mais volta, o amor havia nascido. Era um amor proibido. Ela jurara fidelidade ao marido e ao reino. Ele também tinha um compromisso com seu Rei. Mas o sentimento era tão avassalador que os encontros furtivos continuaram mesmo sob o risco de alguém descobrir o romance secreto. E eis que um dia acontece e é logo o rei quem os flagra na cama em pleno ato de traição. Possesso de raiva o Rei desbainha sua espada e acerta sua esposa com um golpe fatal. Ele tenta assassinar também seu súdito infiel, mas o Valete consegue deflagrar um golpe contra o Rei, que cai desfalecido. Desesperado, o Valete corre pelo castelo com o corpo de sua amada em mãos e foge do reino. Após esse fato, o Reino de Copas entrou em total decadência. A paz entre os reinos foi quebrada e diversas guerras auxiliaram na destruição do reino de Copas e posteriormente dos 3 outros. Há quem diga que o próprio Valete de Copas, infiltrado em outros reinos, foi o responsável pela destruição daquela civilização, movido por um sentimento misto de ódio, vingança e culpa. Fato é que hoje pouco se sabe sobre aquela época, já que a maioria dos arquivos foram perdidos, só a fama de traiçoeiro do Valete prevaleceu. Alguns acreditam que uma pequena cabana com um túmulo ao lado onde foram encontrados várias cartas apaixonadas teria servido de esconderijo do Valete e local de repouso eterno para a Rainha de Copas. Mas o que ninguém sabe é que ali nasceu o verdadeiro amor, um amor puro e inocente que ainda paira nos dias de hoje procurando uma terra fértil para se deselvover e gerar belos frutos!
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