As luzes
reboleiam vagarosamente,
Já falta
resistência às cansadas pálpebras.
Grumos
insanos de fantasia grudam-se a realidade
Transformando-a
em experiências inimagináveis.
Antes do
sono se apoderar completamente,
Um
pensamento consistentemente fulgás
Mantém aceso
algum estado de alerta,
Engatilhando
as últimas reflexões de um dia longo.
Tudo começou
lá pros idos de oitenta e oito
Quando um rei caçula desabrochava para o Sol.
Entre dois
outros astros, logo os progenitores
Notaram a
sensibilidade aguçada de tal majestade.
Sua força
gravitacional atraiu uma atmosfera
De bom humor
e vivacidade, entretanto,
Cometas
desgovernados quase desviaram
O pequeno
príncipe de sua gloriosa trajetória.
Apesar da
nobre alma, o convívio com plebeus
Deu vida
àquele exuberante planeta,
Moldando um
relevo de simplicidade ímpar
E formações
pétreas de respeito inenarráveis.
E eis que o planeta real ingressa em um
universo
Repleto de
nobres, pregando com fervor a teoria
Que deveriam
se apegar às suas bases geológicas
Valorizando
a posição de destaque incondicionalmente.
Apesar de
certa soberba, o sábio rei se manteve em órbita,
Figurando
como personagem das mais distintas constelações.
E quanto
mais tomava ciência de seu brilho reluzente,
Maior era a
vontade de compartilhar sua cintilância.
Ao começar a
busca pelo companheiro de trono,
O corpo celestial se depara com um lixo
cósmico
Que suga
suas energias e abre caminho
Para uma era
glacial de trevas e solidão.
Já cobiçado
pelos habitantes da corte,
O rei decide
passar seu tempo ocioso
Em galáxias densas
dos mais diversos astros
Trocando
atenções rápidas com satélites.
“Satélites!
Nunca se
sabem quando serão atraídos pela nossa gravidade!”:
Pensava o
rei entediado.
Fato que
nenhum deles possuía a complexidade digna da corte.
Estranho
momento em que um satélite retorna a órbita real.
Seria
prudente manter em órbita aquele
Que viera da
mais suja e indecente das galáxias?
Entre tédio
e vontade de respirar novos ares, o rei diz sim!
Na espera de
mais do mesmo, algo chama atenção:
Um diálogo
extenso reservando o trivial pro final.
Estranho pra
um satélite ordinário, mas
Suficiente
para atiçar levemente a curiosidade real.
Enquanto
ajustavam-se os campos magnéticos,
Tamanha foi
a surpresa cortesã quando,
Retornando exausto
de uma galáxia distante
O corpo
celeste oferece uma lembrança ao rei.
Lisonjeado,
o rei baixa o decreto:
“De agora em
diante, certeiro vos falo,
Não és mais
um satélite, mas um belo regalo!”
Caminho
aberto a uma avenida de emoções.
Não tardou para
a física, e essa não falhou.
A
proximidade intensa fez a revolução:
Reajuste de
gravidades e novas órbitas!
Seria o
caminho mais adequado ao trono?
Para delírio
dos súditos, uma nova conformação
“Rei
feliz?”, ‘Sim senhor!’, com pompa e distinção
Tudo rosas e lírios, a não ser um porém
O rei quer
tudo em ofício, sem tirar nem pôr!
É chegado o
momento do novo big bang
Corajoso e
sensato, o rei prepara suas armas
E no
primeiro dia da nova Era, o anúncio aguardado:
“Caríssimo
amado, podemos nos tornar um só reino?”
Observaram-se
pequenas erupções vulcânicas,
Alguns
tornados se formaram no estômago,
Tremores da
crosta foram sentidos,
Mas houve a
tão esperada concordância.
Dois anos,
onze meses e vinte e nove dias.
Tímido grão
de areia temporal no universo
Em que reis
se curvaram, planetas se amaram
E o trono
abrigou mais memorável união dentre todas as galáxias!
Enfim, o
sono suplanta o alerta
Sonhos
repletos de reis, planetas e galáxias!
Surpresa e
satisfação ao acordar
E descobrir
que tudo não passou da mais pura verdade...
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